Cinco filmes premiados por seus figurinos para você assistir

Luna Rocha
5 min readSep 19, 2023

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Um dos fatores mais importantes na produção de um filme certamente é a escolha de figurino, a partir dela, já é possível se ambientar e saber em que época a história se passa, local, e, até mesmo, qual o estado de espírito do personagem em determinadas cenas

Todos os anos, desde 1948, a cerimônia do Oscar elege as melhores adaptações de figurinos do cinema. Até 1966, a premiação surtia em dobro, pois havia uma distinção entre filmes coloridos e preto-e-branco, que foi abandonada em 67, moldando o prêmio em uma estatueta única para a categoria, como é até hoje.

Confira abaixo alguns dos vencedores da categoria, que têm visuais bem distintos entre si:

Star Wars: Episódio IV — Uma Nova Esperança (1977)

O primeiro filme da saga Star Wars foi revolucionário para sua época, em plenos anos 70, surgia então uma história fantasiosa que envolvia alienígenas, naves e um universo totalmente novo. Quando pensamos nesse filme, não tem como não lembrar do figurino dele como um dos destaques, uma vez que é adorado e copiado por cosplayers no mundo todo. Entretanto, você sabia que a ideia dos trajes era justamente não chamar atenção? O diretor George Lucas pediu a John Mollo, figurinista do Episódio IV, que criasse trajes introspectivas e discretas, para que o foco do público se mantivesse nos diálogos entre personagens e nas cenas de ação. Mollo confeccionou as vestes de Leia e Obi-Wan baseadas em vestimentas religiosas; Luke foi elaborado com tecidos simples, compondo uma imagem de camponês, e Han Solo com um estilo que evidenciava mais atitude, inspirado pelo dandismo.

Shakespeare Apaixonado (1998)

O Oscar de 1998 ficou muito marcado aqui no Brasil por ser o ano em que a brasileira Fernanda Montenegro perdeu a estatueta de melhor atriz para Gwyneth Paltrow por Shakespeare Apaixonado. Pode ser que essa tenha sido uma escolha equivocada da acadêmia, mas há de se ressaltar que acertaram em dar o prêmio de Melhor Figurino para Sandy Powell, afinal, seu trabalho no longa foi impecável. Para o desenvolvimento dos trajes, a figurinista recriou a moda elisabetana minuciosamente, usou os mesmos tecidos e modelagem que se faziam populares na época. Além da apuração histórica, o vestuário também foi pensado sobre a semiótica, uma vez que o filme retrata obras de shakespeare, Powell buscou traduzir alguns poemas do autor em referências visuais no figurino, como no momento em que a protagonista Viola (Gwyneth Paltrow) usa um vestido dourado, composto por um rufo que lembra raios de sol, fazendo alusão ao verso “A um dia de verão, como hei de comparar-te?”.

O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003)

Baseado no último volume da trilogia de J.R.R. Tolkien, O Retorno do Rei foi o único filme da franquia O Senhor dos Anéis que bateu recorde de Oscars, levando 11 estatuetas para casa, dentre elas, a de Melhor Figurino, que não havia sido alcançada pelos títulos anteriores da saga. Os responsáveis por isso foram Ngila Dickson e Richard Taylor, que tiveram um trabalho imenso para com o longa, pois o filme conta com mais de 19 mil figurinos, um número realmente impressionante! Para ter uma ideia, o personagem Frodo (Elijah Wood) tem cerca de 64 trocas de roupa no decorrer da película. Por serem tão detalhadas, muitas peças foram confeccionadas manualmente, cada cota de malha (utensílio medieval feito com entrelaçamento de argolas de metal, utilizado como proteção corporal), levou três dias para ficarem prontas, contabilizando um total de 13 mil argolas por armadura.

Elizabeth: A Era de Ouro (2007)

Para o desenvolvimento das roupas de acordo com cada cena de Elizabeth: A Era de Ouro, a figurinista Alexandra Byrne não apenas se baseou na aproximação histórica, mas também levou em consideração o temperamento dos personagens no decorrer da trama, fazendo uso da psicologia das cores para evidenciar suas mudanças de humor, demonstrando, por exemplo, o vermelho relacionado a poder e ousadia, e o verde para momentos de angústia. O filme é uma sequência de Elizabeth de 1998, ambos são dirigidos por Shekhar Kapur, entretanto, essa continuação não tem o mesmo ritmo do primeiro, e o roteiro do longa se torna realmente mais atraente por mostrar esse cuidado estratégico com o figurino, além da bela atuação de Cate Blanchett no papel da rainha.

Alice no País das Maravilhas (2010)

A figurinista Colleen Atwood estudou bastante o roteiro para criar os figurinos de Alice no País das Maravilhas e ainda contou com o apoio dos sketches que o próprio diretor Tim Burton fez de como ele imaginava o vestuário de cada personagem. Atwood não apenas redesenhou cada um dos croquis de Burton, como também teve a percepção de adaptar outras características que são marcas registradas do diretor na composição do figurino, cada personagem possui alguma impressão do estilo sombrio que é tão presente nas obras de Tim Burton. As vestes da Alice (Mia Wasikowska) vão se alterando de acordo com sua caminhada pelo mundo mágico em que ela adentra, se adequando a cada momento. Já com relação à Rainha de Copas, Colleen teve que pensar o figurino levando em consideração a computação gráfica pela qual ele seria atingido também, e com isso ajudou a dar forma na figura desproporcional vivida por Helena Boham Carter, criando uma gola que ajudava a dar a percepção de que sua cabeça era ainda maior.

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