Moda Vanguarda: saiba o que é e conheça algumas marcas que apostam no estilo

Luna Rocha
6 min readApr 25, 2018

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Criações de Viktor & Rolf, estilistas que são referência na moda vanguarda | Foto: Reprodução

Vanguarda: qual é seu significado na moda?

Existem três vertentes de mix de moda que você precisa saber antes de adentrarmos o assunto: peças básicas (vestuário clássico, que não sai de moda como calça jeans e regata), peças fashion (roupas que são introduzidas no mercado de acordo com as tendências da vez, seu uso pode cair depois de algum tempo) e modelos vanguarda (peças específicas que transmitem a ideia de uma coleção, saindo da linha dos padrões mais comercializados).

Você já viu aqueles desfiles que apresentam um repertório extremamente excêntrico e fora do comum, e se perguntou por que há tantas roupas estranhas nas passarelas, se as peças não são consideradas utilizáveis no dia a dia? Pois então, o conceito de vanguarda é buscar transmitir arte através do vestuário, com visuais exóticos que tem como intenção inspirar e causar alguma reação naqueles que assistem ao desfile.

A verdade é que dentro da vanguarda, a passarela deve ser vista da mesma forma que uma exposição em uma galeria de arte, imagine que é como se você estivesse conferindo uma exposição, porém com movimento e representações artísticas na forma de moda. Afinal, não visitamos um museu buscando por peças comuns que poderíamos ver em qualquer lugar, não é? Vamos na procura de coisas novas que abram nossa mente para possibilidades diferentes.

Peças de Viktor & Rolf | Foto: Reprodução

A etimologia de vanguarda vem do francês “avant- garde”, que são os militares que fazem linha de frente na guerra. Na moda o termo é introduzido para trazer essa mesma noção de destaque. Afinal, convenhamos, é quase impossível ignorar um desfile de moda vanguarda!

Peças de Viktor & Rolf | Foto: Reprodução

No âmbito da tendência vanguardista, a grife holandesa Viktor & Rolf se destaca ao apresentar surrealismo na produção de suas peças. Os estilistas Viktor Horsting e Rolf Snoeren se conheceram ao cursarem a faculdade de Arte e Moda na cidade de Arnhem e, a partir de então, resolveram unir suas mentes e inventar vestes cheias de imaginação. Sua marca já nasceu com a ideia de propagar a vanguarda, com menções figurativas oníricas e irreais.

Modelo diagonal da coleção Cutting Edge Couture de Viktor & Rolf | Foto: Reprodução

Trabalhando tanto com formas esculturais, quanto com proporções distorcidas, a grife Viktor & Rolf consegue causar até mesmo ilusões de ótica em seus espectadores. Para o desfile da coleção Cutting Edge Couture (fotos acima e abaixo deste parágrafo), eles se inspiraram em um momento de declínio financeiro de seu país, apresentando vestidos de festa confeccionados em tule, extremamente volumosos, fazendo alusão à gigantesca crise de crédito. Cada furo ou fissura transversal, talhada drasticamente desses vestidos, trazia consigo uma tradução literal de “cortar para trás”, referenciando a decadência da economia.

Peças da coleção Cutting Edge Couture de Viktor & Rolf | Foto: Reprodução

Mas essa é apenas uma referência, pois há uma grande gama de grifes que apostam no visual vanguardista e se destacam nas semanas de moda internacionais pelo mundo. Logo abaixo você pode conferir algumas delas e entender o conceito por trás de suas criações tão diferentes.

Marcas de moda vanguarda e suas respectivas coleções:

Iris van Herpen, Syntopia (Paris, 2018)

O termo Syntopia traduz a posição de um órgão em relação aos outros, e foi designado por Iris van Herpen para simbolizar a junção entre o orgânico e o inorgânico da criação das peças, utilizando a biologia sintética de materiais cultivados em laboratório para a elaboração dos looks do desfile. Inspirada na cronofotografia que, por meio de imagens registradas em sequências de intervalos iguais, apresenta uma ideia de movimento e ilusão, a designer criou vestidos etéreos, com drapeados e bainhas ondulantes, inspirada pelas ondas sonoras do canto de pássaros.

Gucci, A Cyborg Manifesto (Milão, 2018)

A principal inspiração desse desfile da Gucci foi o livro Manifesto Ciborgue, da autora Donna Haraway, introduzindo na passarela seu look vanguardista com o conceito de um sexo sem definição, questionando as imposições de gênero e expondo os caminhos evolutivos carregados de bagagem política. O cenário remetia a um consultório médico, associando o ato de fazer moda com atividades cirúrgicas, como cortar e costurar.

The Blonds, Disney Villains (Nova York, 2018)

A marca The Blonds resolveu se inspirar no elenco vilanesco da Disney para seu desfile em Nova York, apresentando não apenas essa temática diferente, como também um casting super diverso, sem estereótipos de corpos, gênero ou idade (teve até mesmo um modelo que é drag queen mirim com apenas 11 anos). Além disso, a marca não delimitou o show ao clássico catwalk, dando liberdade absoluta para que cada um interpretasse seu papel na passarela como bem entendesse!

Vivienne Westwood, Plant Gaia Collection (Paris, 2010)

Que Vivienne Westwood gosta de causar uma revolução, todos já sabemos… afinal, como esperar menos da grande mãe da moda punk? Em 2010, a estilista resolveu conscientizar a plateia do desfile da Semana de Moda de Paris, trazendo looks super irreverentes com mensagens eco friendly embutidas nas roupas, mesclando isso com uma referência visual à aristocracia, como se estivesse querendo informar especificamente o público de maior poder aquisitivo.

John Galliano, Russian Snow (Paris, 2009)

O estilista britânico John Galliano buscou inspiração no inverno da Rússia para o desenvolvimento tanto de sua coleção quanto do show que deu na passarela da Semana de Moda de Paris, com direito a pequenas bolhas que simulavam neve caindo e ilusões de ótica, colocando as modelos sob uma atmosfera mágica e onírica. Muitos looks e ornamentos foram inspirados no folclore russo e em trajes típicos de camponesas.

Jeremy Scott, Fast Food (Milão, 2014)

No primeiro desfile do estilista Jeremy Scott à frente da grife Moschino, o designer introduziu na passarela peças com inspirações muito inusitadas, com referências diretas à marcas como McDonald’s, Cheetos, Hershey’s e, até mesmo, ao personagem Bob Esponja, que ele adora. A coleção de looks vanguarda causou polêmica, tendo em vista que os salários em uma das maiores redes de fast food do mundo não pagam nem metade do valor da bolsinha com o seu logotipo.

Moschino, Spring Collection (Milão, 2017)

Levando na conotação totalmente literal da palavra, a Moschino, apresentou sua coleção de Primavera com muita cor e temas da natureza, transformando a passarela em uma espécie de jardim, onde as modelos compunham arranjos florais e borboletas.

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